quarta-feira, 19 de outubro de 2011

A FORMULA DO ÓDIO

Meu ódio por alguns colegas cresce dia a dia. Tem alguns que são chatos mas não machucam ninguém. Mas tem alguns que odeio meeesmo, gostaria que ficassem presos na maquina de compactação para que fique batendo incessantemente na suas cabeças até que calem suas bocas para sempre.
Assim foi que hoje, no meu tédio diário, defini a formula do meu ódio:
O = [(D + N) * $] / [1000* ( S + k)]
Onde:
O = Ódio
D= Dia (Sendo Sol = 1 e Chuva = 0)
N = Numero de vezes que a pessoa em questão dirige a palavra para mim por dia.
$ = salário aproximado da pessoa em questão
S = Sorriso (Sendo pouco sorridente = 1 e muito sorridente = 0)
k = Constante de Lilita
A constante de Lilita é um numero adimensional e arbitrário definido por minha pessoa que depende do meu ciclo menstrual e do tédio do dia. Quer dizer que não é o mesmo meu nível de ódio para certos colegas quando estou menstruando e sem nada que fazer que o nível de ódio para o mesmo colega num dia que estou de bem com a vida (o que será raro até minhas próximas férias).
Portanto, a escala de ódio será assim:
0 < O < 1 = Nível de ódio muito baixo. Posso até sorrir para essa pessoa ou fazer um favor caso precise.
1 < O < 3 = Nível de ódio baixo. Posso até sorrir, mas com precaução para que não ache que somos amigos.
3 < O < 6 = Nível de ódio médio. Posso estar odiando esta pessoa por ter um salário maior que o meu ou porque esta me falando muito quando não quero ouvi-la. Ainda não é preocupante, mas deveram evitar andar comigo nas escadas para não ter acidentes.
4 < O < 10 = Nível de ódio alto. Com estas pessoas fico me entretendo pensando em formas alternativas de torturá-las devagarzinho para que sofram enquanto eu fico com seu salário.
10 < O < 100 = Nível de ódio extremo. Com estas pessoas não tenho muito que fazer, entram  neste range e, portanto, devem ganhar um salário considerável, serão os donos, diretores  e gerentes. Por mais que as odeie com toda minha alma e pense em matá-las e fazê-las salsichas, devo sorrir e falar todo que si si claro claro...

Então, segue minha classificação de hoje (sendo que hoje esta nublado, então D = 0 e hoje estou me sentindo com k = 4,32)
Antonio: Falou comigo umas 10 vezes: 4 para se referir ao calor que esta fazendo na sala, 2 para contar alguma anedota chata que ninguém fez questão de ouvir, 2 para criticar a Marivalda pelas costas, 1 para me perguntar se queria café (isso até que foi legal mas eu prefiro que não me fale) e 1 para me dizer que estava indo a almoçar.
Hoje estava com um S = 0,3, o que odeio. Quando vem com esse sorriso amarelo já fico de mal humor.
Fazendo o calculo, o nível de ódio de hoje = 7,5
Estou pensando como deixar ele nu no deserto da Arábia ao médio dia para que nunca mais volte a falar: "Que caloooor"
.

Kely: Falou comigo para dizer Bom dia e para passar uma ligação. Adoro ela que não fala quase nada.
Seu S costuma ser um 0,5, que é razoável.
Como ela é estagiara seu salário ajuda a que seu nível de ódio hoje = 0,35
Marivalda: Falou comigo 3 vezes: 1 para me dizer bom dia (porque esbarrei com ela no refeitório, senão nem isso), 1 para me perguntar se tinha terminado o relatório de energia elétrica e 1 para me pedir um café.
Marivalda sempre esta com um S = 1
Fazendo o calculo, o nível de ódio de hoje = 4,25
Fala pouco comigo e não sorrie a toa assim que não me queixo. Mesmo assim empurraria ela escadas abaixo numa boa.
Roberto: Falou comigo 4 vezes: 1 para me dizer bom dia, 1 para me contar uma piada de argentinos sem graça, 1 para me dar o relatório de energia elétrica e 1 para me falar que a esposa dele perguntou por mim.
Seu S geralmente é de 0. O cara vive sorrindo para todo mundo como se fossemos amigos.
Como ele é o diretor da empresa seu salário manda ele para um nível de ódio de hoje = 14,04, portanto sorrio, falo todo que si si claro claro e ofereço um cafezinho.


terça-feira, 18 de outubro de 2011

A guerra do controle

Ontem nem consegui chegar cedo para torturar Antonio com o ar... Horário de verão ne? Coisa chata... Acordei e ainda era de noite!!!! Vou demorar em entrar no ritmo..
Mas hoje sim cheguei cedo. Não tinha ninguém na sala e coloquei o ar em 25 e escondi o controle na gaveta de Marivalda, a rabugenta do financeiro e queridinha do chefão. Ninguém mexe com Marivalda.
Assim que Antonio chegou começou: - Esta quente aqui! Cadê o controle?
Eu: - Não sei eu não acendi o ar hoje...
E continuei no meu computador fazendo o teste de personalidade: que personagem de sex and the city você é?.
Antonio começou a basculhar nas mesas de todos, menos a de Marivalda. Todos tem medo de Marivalda.
- Porra! Não dá para trabalhar, tá mais quente aqui que fora, bla bla.
Eu só rindo por dentro.
Mas Marivalda antes de ir almoçar teve a idéia de dizer – Olha! Alguém colocou aqui, vou colocar o ar em 24.
E deixou o controle na mesa.
Todos já saíram para almoçar, menos Antonio e eu. Quem sair primeiro perde!! Quem fica sozinho pega o controle e esconde, eu sei. Ele não vai pegar agora na minha frente porque senão depois eu vou falar com Marivalda que Antonio pegou.

Estou com um pouco de fome, mas não vai me ganhar seu hipertermico! Ouviu?
Quem não esta ouvindo é minha barriga que esta pedindo desesperada a ingestão de qualquer alimento... Quero comeer!!!
Frio ou fome??

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

A era do Gelo

Se tem coisa pior que ficar encerrado em um lugar que não gosto com pessoas que não gosto fazendo praticamente nada, é ter que tolerar os distintos níveis de temperatura corporal das pessoas que ficam a meu lado.
Tempo atrás tínhamos chegado a um acordo de temperatura do ar de 22 +/- 1, em função da temperatura externa. Mas devido a que meus colegas são extremadamente odiosos, tem dias que dão uma de Kim Jong Il e decidem ignorar o definido em assembléia geral e ordinária, pegam o controlinho do ar e à frase de “Que calor!” começam a apertar freneticamente o butãozinho do – (menos).
O “Tin Tin Tin Tin Tin” da besta. Assim que começam os Tins ocorre uma transformação interna na minha pessoa que se tivesse uma arma carregada ao meu lado atiraria sem dó no panaca calorento que nem acha que deveria ter a amabilidade de perguntar se alguém se incomoda em que ele baixe o ar.
- Antonio estou com casaco já estava com frio.
- Ah! Pelo amor de Deus você é de perto da Patagônia!
Seu ignorante abestalhado! Nem sou um maldito pingüim nem tem nada a ver o Uruguai com a Patagônia!
- Estava suando!! Ô... (e passa sua mão pela testa e segura minha mão... Seu porco nojento! Ai que fiquei brava)
- Não seja nojento, por favor! Vou lavar minha mão!  Tínhamos acordado 21 e você colocou o ar em 15!!
- Esta em 19! Disse enquanto pegou o controle para eu não puder ver.
- Vou colocar em 20. Tin Tin. E guarda o controle na sua gaveta.
Que ódio! Acha que não sei contar??
21 - Tin Tin Tin Tin Tin Tin + Tin Tin = 20???
Na segunda se prepare para o sauna!!!

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Esta me ouvindo Morfeus???

Tem coisa pior que segunda-feira??
I want to get out of this Matrix!!!! Now!!!!
Será que eu tomei a pílula equivocada???

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Uma cerveja, por favor!

Devido a minha resolução de mudar um pouco de vida, hoje me auto-convidei a beber a cerveja das sextas com meus colegas de trabalho.
Eu até que ia ao começo, mas após algumas saídas percebi que não gostava de quase nenhum dos meus colegas e só falávamos de trabalho (do trabalho que odeio) então comecei a dar desculpas para não ir.
Mas devido a que meu tédio fora do trabalho é quase (quase) tanto como dentro, decidi dar mais uma oportunidade à cerveja das sextas.
O bom é que vai Paulo. Ele é de São Paulo (Paulo de São Paulo) e tinha meses na empresa antes de eu chegar. Foi com ele que conheci a cidade, os barzinhos, o carnaval.  Sempre teve uma mini (ok maxi) queda por ele. É engraçado e faz meu tipo físico: alto, forte, moreno, porém devido a que somos colegas de trabalho nunca tentei nada com ele (e ele também não comigo)... Provavelmente se não fossemos colegas de trabalho também nunca tivesse tentado nada com ele (e ele também não comigo).
O ruim é que vai Baba-Jefferson. Odeio ele! Escapo dele para que não me comprimente: Da beijos babosos perto da boca! Ihhh. As vezes me faço de ocupada na frente do computador e estico a mão para não precissar dar o beijinho do aló e o nojento me da um beixo babosoo na mão... Pessoal fala que esta apaixonado por mim e eu gostaria de ser um avestruz para esconder minha cabeça num buraco e só sair quando Baba-Jefferson tiver desaparecido para sempre da face da terra.
Mas hoje vou beber uma cerveja com tudo mundo e se tudo sae bem até posso conhecer alguém. Pelo menos não vou ficar em casa assistindo Gossip Girl como nas ultimas sextas.

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

O que estou perdendo

Meio dia e meio. Ainda faltam 5 horas para ir embora e para não desesperar olhando para o relógio decidi fazer esta lista de todas as coisas que eu poderia estar fazendo se não estivesse aqui.
Esta lista seria ótima em caso de ser demitida. O pior nesses casos é não saber que fazer com a imensa quantidade de tempo disponível. Pronto, eu já saberia que fazer e para a maioria das atividades nem precisaria do dinheiro deste trabalho. Pensando bem, para que trabalho mesmo? Gente acho que vou lá apresentar a minha demissão.
Fuck! Lembrei do aluguel, da quota da pós, da banda larga, das minhas dividas com submarino, da comida...
OK, voltando, fazendo cálculos das 10 horas que passo aqui, 6 horas e 22 minutos (conforme cálculos booleanos) são roubados da minha vida sem que ninguém tire proveito. Nem a empresa, nem eu já que passo horas fazendo estritamente nada ou em seu defeito fazendo bonequinhos com os clips
Se pudesse chegar a um acordo com os donos e trabalhar só as 4 horas úteis por dia (arredondei para cima já que sou uma pessoa muito razoável), ficaria com 132 horas disponíveis por mês para fazer as seguintes atividades:
- Onze horas para exercício físico incluindo academia / caminhada pela orla / sexo / etc
- Dezesseis horas para testar as receitas de Dona Benta
- Oito horas para comer as receitas que fiz
- Cinco horas para alisar meus gatos
- Sete horas para cuidar das plantas
- Dezesseis horas para assistir meus seriados favoritos (podem ser repetições, que mais dá): Big Bang Theory, Project Runway, Gossip Girl, Friends por vigésima nona vez, e algum outro
- Vinte e uma horas para ler
- Seis horas para comprar coisas
- Quatorze horas para dormir
- Dez horas para fazer DDI para minha mãe, pãe, tia, prima e amigas
- Dezoito horas para andar pela cidade e conseguir um namorado legal, gentil, engraçado, inteligente, alto e moreno (sonhar não custa nada ne)

Não sei se esta lista foi uma boa idéia. Tudo isso estou perdendo para ficar aqui. E ainda são uma horas e dez minutos.


quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Engatando

Passaram-se três anos desde que estou aqui. Relendo o que escrevi fico com saudades de toda essa adrenalina dos primeiros dias em Salvador. Quando tudo era novo, tudo era uma aventura.
Jamais imaginei que no Brasil iria a ter a meeesma vida chata que tinha em Uruguai antes de vir. Lembro do meu pai que me falou antes de partir: For a onde for, nunca vai escapar de você mesma... Quanta verdade!
Hoje de manhã chegou Paulo, o Supervisor de Logística e quase meu amigo:
- E ai Uruguaia! Como vão suas coisas Que anda fazendo por Salvador?
E sabem que?? Não tenho muitas novidades. Não tenho nenhuma novidade!! Qual o meu problema??
Passou meus dias neste trabalho chato e minhas noites lendo, cozinhando para um e assistindo seriados bestas. Final de semana a maior loucura que faço é preparar um Campari e assistir Project Runway.
Estou em greve de relacionamentos amorosos. Só com lhes falar que meu ultimo caso levo meu celular “emprestado” sem me falar nada, podem ter uma idéia de como andam meus relacionamentos.
Não desgosto tanto de estar sozinha (tanto). Conheço mulheres que namoram qualquer cara para não ficar sozinhas, e assim que elas viram para pegar um salgadinho ele esta paquerando outra... não quero isso para mim.
Mas também não quero isto. Não quero ficar sentada esperando que alguma coisa emocionante aconteça comigo. Qual o me problema? Estou solteira em Salvador! (cadê o meu amor?).
Estou decidida desta vez. Vou mudar. Mudar de trabalho, de profissão e de vida. Se não acho um cara legal pelo menos vou me divertir. Tenho que mudar! Preciso mudar!
Aqui vou eu.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Como cheguei até aqui – Parte 2

Dois dias depois Eva me convenceu para acompanhá-la falar com o pai da Vanina, já que eu “era mais seria e as pessoas me respeitavam”.
O pai da Vanina era engenheiro. Gostei dele na hora! Era super profissional e até deu para treinar meu português (tinha 3 anos estudando português naquela época). Assim que Vanina chegou Eva se afastou para falar com ela e eu fiquei conversando com Seu Julio. Assim que Eva saiu Seu Julio me deixou bem em claro que Eva não tinha chance na empresa dele, mas, que ele estava precisando de uma contadora de confiança se eu tinha interesse.


Na minha mente ascenderam-se todos os sinais de alerta. Eu? Trabalhar em Brasil? Sozinha? Deixar tudo? Foi medo, adrenalina, vontades de disser que sim na hora, mas, sempre eu, falei que iria a pensar.


Sai da sala de Seu Julio e fui para o quarto da Vanina, onde a empregada me falou que estavam, assim que estava me aproximando ouvi meu nome e decidi ouvir a conversa que mudaria minha vida para sempre:
- Você parece a Lilita de tão chata!! É uma aventura!
- Eu a Lilita! Kakaka Eu pelo menos acho legal a idéia, já ela deve achar o mais assustador do mundo! Deixar seu mundo certinho e se aventurar na vida!!
- Imagina ela no Brasil? Com medo da praia, medo do sol, medo da gente... kakakaka
- kakakaka


Um mês depois estava eu rumo a Salvador de Bahia, com uma amiga menos, morrendo de medo, mas feliz por ter, pela primeira vez na vida, arriscado tudo.

sábado, 1 de outubro de 2011

Como cheguei até aqui – Parte 1


Todo começou em Outubro de 2006, em Montevidéu. Trabalhava no Montevideo  Shopping com minha colega Eva. Gostava dela, adorava trabalhar com ela, mas ela era tão linda e tão extrovertida que eu só podia ser um patinho feio no seu lado. Se fosse Sex and the City ela era a Samantha e eu era a Miranda. Sempre quis ser Carrie, mas, let´s face it, sempre fui a Miranda: Intelectual, seria, sem grandes características físicas que chamem a atenção. Ela trocava de namorado como de calcinha, já eu, os poucos casos que tive na vida ou nunca voltaram a ligar após... ou só me ligavam para isso.
Eva procurava trabalho como modelo enquanto eu procurava trabalho como contadora recém formada. Mas, por os acasos da vida, terminamos as duas no Montevideo Shopping no balcão de informações.
Lembro dessa tarde no shopping, eram 17 hs, mudança de turno e esse dia Eva me iria suceder. 17,30 e nada de Eva aparecer. 17,45 chega Eva, como se eu não tivesse dado a ela de presente valiosos 45 minutos, com um negão liiiindo a seu lado que deixa ela na porta do balcão de informações e da um beijão daqueles.
O negão era Junior, um baiano de férias em Montevidéu que ela conheceu o dia anterior na balada. Segundo ela foi amor a primeira vista e já até falaram de morar juntos na Bahia. Eva era assim. Ela era impulsiva e não pensava e eu era a voz da consciência.
- Você é maluca? Conheceu ele ontem! Vai morar onde?
- Não não! Já pensei tudo! Lembra da Vanina? O pai dele trabalha na XX Transportes, que tem uma sucursal em Brasil, vou falar com ela para que o pai me consiga um trabalho lá.
- Eva que absurdo! Vai deixar todo para ir atrás de um negão que conheceu ontem?
- Como você é chata! Que tenho que perder?? Este trabalho no shopping? O trabalho de modelo que nunca consegui? Tenho idade de viajar! De conhecer! Se me der mal, volto!!
A realidade que tinha razão. Quis tanto ser Eva nesse momento! Impulsiva, sem medo a nada, com vontades de viver aventuras malucas no Brasil e com esse negão liiindo a seu lado!! Mas eu sempre fui eu, transitando por caminhos seguros...